quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sexo ao serviço da Espionagem Jornalistica

Mulheres – Sinopse
Com este romance pretende-se fazer um estudo da natureza humana, do arrependimento, da angústia, do perdão, e vários outros assuntos complexos. Nesta “história” há um protagonista e varias personagens que se vão cruzando e entrelaçando.Conto a história de dez pessoas que moram em diferentes cidades de Portugal. De alguma forma as suas histórias se interligam, todas apresentadas de uma só vez. Há uma repórter que está a beira da morte por questões amorosas Uma mulher arrependida por ter cometido adultério Um engenheiro e o seu filho,Uma figura politica que não fala com mãe desde a morte o pai. Um empresário que também descobre que está a morrer e precisa confessar-se à esposa acerca da morte do seu irmão e do segredo do seu negócio. Há uma enfermeira que viveu num lar de quem não se conhece os verdadeiros pais. Há um adulto, estrangeiro, fracassado emocionalmente e profissionalmente que foi, 30 anos antes, uma criança de sucesso… E um espião que se apresenta como jornalista e que se apaixona por uma florista filha de um abastado homemUma sátira a nossa sociedade.
Índice
1. A repórter que está a beira da morte por questões amorosas. 3
O jantar
O banho.
2. Uma mulher arrependida por ter cometido adultério. 15
3. Um engenheiro e o seu filho, 15
4. Uma figura politica que não fala com mãe desde a morte o pai. 15
5. Um empresário que também descobre que está a morrer e precisa confessar-se à esposa acerca da morte do seu irmão e do segredo do seu negócio. 15
6. Há uma enfermeira que viveu num lar de quem não se conhece os verdadeiros pais. 15
7. Há um adulto, estrangeiro, fracassado emocionalmente e profissionalmente que foi, 30 anos antes, uma criança de sucesso…... 15
8. E um espião que se apresenta como jornalista e que se apaixona por uma florista filha de um abastado homem 15


1. A repórter que está a beira da morte por questões amorosas.
Tinha saído do Porto há uma hora e trinta minutos, sem parar, aquele tasco depois da curva, seria o sítio ideal para fazer uma paragem, ir a casa de banho, tomar um café, e fazer umas perguntas acerca do parque de campismo. Finalmente o rio, e a seguir o tasco "Ponto de Encontro".
Estacionou, e olhou em volta, atravessou para o lado oposto da estrada e como devem imaginar foi fazer "xixi" atrás dos matagais e arbustos. Dirão alguns, aquele gajo é louco, o nosso amigo jornalista tem pavor as casas de banho publicas, e quando pode dentro da maior das privacidades e modéstias, faz sempre que pode na maior das descontracções em contacto com a natureza. Aproveitara o momento, e tirara algumas fotos ao local. Atravessou a rua e entrou no café. Um velho estava ao balcão, como que à espera do cliente para quebrar a rotina da monotonia - Um café se faz o favor. Olhou em redor e viu o lavatório, aproveitou para ir lavar as mãos, quando ensaboava as mãos reparou para o espelho e deu de caras com uma figura feminina. Ainda era uma jovem, uma boca pequena, uns dentes brancos, uma pele acastanhada, e o cabelo com do fogo, em contra luz dourada pelos raios solares naquele fim de tarde, aqueles óculos grandes e com os aros cintilantes, encobriam um mistério.Alberto, o jornalista, estava estático, tinha visto, tinha avistado uma deusa… fechou a torneira, tentou não olhar para aquela figura feminina que se sentava solitariamente na mesa ao fundo do salão., digeriu-se ao balcão, pôs o açúcar no café e perguntou ao velho do Café.
-Quantos quilómetros faltam para chegar a Crespins?
-São exactamente 8. O marco da JAE está ali na curva, esta casa esta a 8.200 metros da Vila. È sempre em frente não tem nada que enganar. È a primeira vez que bem cá? È do Porto? Alberto sorriu e num tom afirmativo – Não, mas conheço muito mal. E virou as costas para apreciar a decoração muito particular, o tecto estava coberto com alguns utensílios da agricultura e de uso domestico, dignos de fazer parte de uma colecção de utensílios etnográficos, no fundo da sala, onde se sentava aquela mulher enigmática estava a lareira, com uma trave mestra consumida pelo fumo e pelo calor, surgia uma chaminé de xisto. Na chaminé estavam colocadas duas armas muito antigas oxidadas pelo uso, pelo tempo e preservadas pelo fumo da lareira. Olhou pela janela, e muito disfarçadamente olhava, gravava na sua mente os pormenores da mulher que ali se apresentava. A camisola verde, com as palavras: You – me – us – eu, tu, nós. A pulseira de resina cor preta, ametista, dava volume aos seus frágeis e joviais braços. Bela companhia para o fim-de-semana, pensava, seria óptimo para quebrar a monotonia, para o levar a conhecer a os recantos mais escondidos da serra. Voltou-se e lançou o ultimo olhar para a mulher. - Meus Deus ela é muito gira… o seu olhar ficara preso da Pulseira, da Pulseira de Pandora.
- As armas são para vender? - Perguntou ao velho tasqueiro?
-Não, não são… a pederneira lutou contra os franceses no tempo de Napoleão, a outra era do meu Avó que ainda conheci. – O homem parecia desconfiado. Decerto que não lhe faltavam razões para o julgar com suspeição: um sujeito moreno, de óculos escuros, vestido de ganga, de botas de trabalho, com o cabelo muito curto e com um forte assento tripeiro, poderia ser algo de estranho para aquelas terras. Turista não era, vinha só, deveria ser mais um daqueles vadios da cidade que iam para a Serra para a pouca vergonha. Com uma esperteza matreira perguntou ao nosso jornalista: - Trabalha na construtora que está a fazer a ponte? Enquanto olhava dos pés à cabeça e vice-versa.
- Não, porque?
- Anda aí uma empresa do Porto que vai construir uma nova ponte e o senhor pareceu-me um deles. É motorista?
- Não. Estou de visita ao concelho e à Serra, estou a fazer um trabalho sobre a Serra para a Câmara.
- Ah! É dessa coisa das árvores e dos fogos?
- Sim, mais ou menos… sem entrar em pormenores. Quanto o silêncio bucólico foi enterrado pelo chegar de um táxi, do qual saiu um homem apresado que ao entrar pela porta Saudava os presentes.
Boas tardes Sr. Tino e companhia. Boa tarde Menina, peço desculpa por chegar atrasado. A menina levantara-se, o jornalista olhou de novo para a mulher, a sua silhueta invadia-lhe a mente. – Há quanto tempo não tinha visto algo semelhante. A gaja é mesmo boa…
Ela entrava para o carro, silenciosamente, sem voltar a cara. Tinha-se despedido com um simples boa tarde e bom fim-de-semana. Deixara no ar um perfume abençoado e açucarado. Que vontade, que necessidade tinha de conhecer alguém, bonita, inteligente e perdida no sonho e na vontade de viver.
- Moça bonita…. Disse o taberneiro.
- É cá da terra… é sua filha? E sorriu para o taberneiro.
- Não é a enfermeira do Posto Médico da Vila, anda na casa das pessoas a fazer curativos aos doentes acamados… Coitada é de Trás os Montes, lá para o lado de Vinhais, Bragança… Qualquer dia vai embora… è muito boa pessoa e simpática...
- É bonita… Vou pôr-me a caminho, vou até ao Parque de Campismo.
- Não tem nada que enganar… é sempre nesta estrada e à entrada da vila tem as placas e você segue sempre que vai lá ter direitinho.
- Muito Obrigado. Pagou e saiu, já dentro do carro, deixando-se embalar no sonho pela musica, não saia da sua mente a silhueta da Menina Enfermeira, os cabelos claros, ligeiramente longos, uma franga invulgar, um nariz muito senhor de si, uns lábios rosados, brilhantes e com muito para dizer e fazer. Os óculos, as pedras que contornavam os aros, a pulseira de massa preta, a pele sardenta, queimada pelo sol da Serra.
Acordou bem cedo eram 6:00 da manhã, um golo de sumo de não sei o quê para despertar, uma corrida matinal e estava correr em volta do campo de futebol do parque de campismo. O bangalou era um espectáculo, casa de banho, cozinha, uma cama confortante, circundado por árvores, e protegido pelas colinas verdejantes não davam forças ao nosso jornalista. A mulher, a miúda, a enfermeira não lhe saia da cabeça. Parou e pensou em voz alta – She is fucking high-quality! – o que poderia fazer para a conhecer? Sonhos, ilusões, ainda ontem à noite tivera que aturar a gerente do Parque. Uma quarentona toda "boa zona", a cara é que a estragava um pouco, mas tinha um corpo – Minha Nossa S…, é de um homem se babar. Os peitos ainda firmes e hirtos, umas ancas e umas nádegas muito bem defendias para modelo e umas pernas acima da média… mas a cabeça, do pescoço para cima uma verdadeira peça de museu… - Não se imagina, nem sequer lhe passava pela cabeça beijar uma mulher como aquela, mas a enfermeira… e saltou de alegria ao mesmo tempo que uivou como um lobo. Há quanto tempo não se aventurava, não amava, não partilhava bons momentos com alguém fantástico…
Sonhos! Nem se quer tinha perguntado o nome ao taberneiro – Sempre a sonhar com uma deusa, com alguém que não existe. Provavelmente, apesar de não ter hipóteses de conhecer a enfermeira seria provável mente mais uma gaja chata, aborrecida, em vias de ser uma encalhada como a maioria…. a camisola “you me us” era fatela...
O jantar
A música que entrava pelos ouvidos, subia até aos neurónios, despoletando explosões de ideias, bons sentimentos, boas vibrações, dava asas ao seu imaginário, a velocidades do carro, as luzes amarelas dos candeeiros e dos carros que ficavam para detrás, o pôr do sol no fundo da avenida a tocar o mar, como a querer ser engolido pelo mar sereno, daquele fim de tarde. E cada momento, com o navegar do carro pela avenida fora, e com a música, o amarelo do horizonte importava para o seu imaginário aquela figura feminina: a Enfermeira… Sonhava com ela!
Não lhe saia da mente, ria-se, imaginando fazer com ela fortunas, realidades, coisas, totalmente diferentes daquilo que já tinha feito com outras mulheres: passear pela montanha, tirar fotos a tudo o quando era belo na natureza, mostra-lhe os recantos por si bem conhecidos e segredo seu, nadar no rio, cozinharem ao ar livre, acampar no alto da montanha, olhar as estrelas na escuridão da noite.
Parou o carro junto ao promontório, saiu, respirou fundo e contemplou o pôr-do-sol. De súbito, no fundo do vale uma águia voava desorientada, enquanto piava bem alto, como quem diz: - Este é o meu território! E a imagem daquela mulher tonta surgia a sua frente como um fantasma. - É uma “ponta”. Meu Deus! Mais uma separada sem filhos a viver só! Com os seus três lindos gatinhos!” - Dizia o Jornalista em voz alto.Enquanto se ria daquela infeliz criatura Dr.ª Marta Santos e das histórias que ela lhe tinha contado, mas o seu olhar tinha ficado naquele cruzar de pernas, pernas de quem cuida muito bem do seu corpo, de quem passa umas horas na bicicleta, a correr ou a fazer ginástica. As nádegas eram realçadas pela saia presta e justa, em contraste com a blusa branca a deixar evidenciar a sua elegante cintura vigiada pelos seus imponentes seios: - Uma “vintage”.
De facto, a mulher era uma criatura dedicada ao seu trabalho, no entanto, não olhava a meios para se fazer notar como uma produtiva, implacável, e determinada funcionária pública. Era filha, de uma família abastada de comerciantes da Vila, tinha uma irmã com quem não mantinha as melhores relações, tratavam-se como desconhecidas, nunca tinham brincado juntas, excepto na infância. Vivia só, apesar de visitar os seus velhos pais quase diariamente. Nutria um especial carinho pela sua mãe, enquanto que, em relação ao pai não tinha qualquer tipo de admiração, o pai simplesmente fora um homem trabalhador, um marido ausente, um pai distante e distraído com as filhas.
O seu círculo de amigos era muito restrito. Passava os fins-de-semana a estudar os dossiers, a responder ao correio electrónico, a preparar reuniões, para tentar agradar os seus superiores e afirma-se perante os colegas e rivais. As suas férias eram passadas de forma invulgar, uma semana, duas semanas, por ano fazia ferias. Viajava sempre sozinha na companhia de três livros e do seu inseparável computador. Perdia-se visitar, museus, castelos, praias e lugares inóspitos. Já conhecia alguns países, tinha viajado ao Egipto, à Grécia, à Itália, sempre só recolhendo fotos e documentando os lugares, as experiências e momentos significativos dessas viagens. Não era por acaso que tinha a foto do barco no qual fez um cruzeiro no mar das Antilhas Holandesas. Nessa viagem, tinha vivido um romance espontâneo com um homem de fino trato, cordial e cavalheiresco, que na última noite abordo, no final da viagem, revelou a sua verdadeira identidade ao recusar aquele beijo fatal, como que carregado de brama. Tinha tido uma paixão por um Padre. A partir dessa data, esta má experiência, a aversão, a auto-recusa, a auto-negação de se envolver com um homem era total. No entanto, tentava ser agradável, para o Marco António. O Dr. Marco António de Albuquerque tinha sido seu amigo desde a infância até este ter ido para Coimbra para ingressar no liceu e prosseguir estudos. A partir dessa altura sempre que podia e com consentimento da mãe procurava encontrar-se com ele e agradar-lhe. Nunca teve a coragem de lhe falar da paixão, do amor que sentia por ele. Mais tarde, no verão de 1978, ficara uma semana fechada no seu quarto quando soube que o menino Marco António iria casar brevemente porque a sua namorada iria ser mãe a curto tempo. O casamento fora uma surpresa na Vila e para todos os amigos e conhecidos do mais famoso médico das redondezas. Sofrera muito nessa altura, culpando-se a si própria por não ter sido capaz de arrebatar o coração do seu namorado que nunca chegou a ser, a não ser na sua imaginação.Após ter Terminado a Licenciatura em Germânicas, seguiu rumo à Alemanha, e depois para Viana, como leitora na Universidade. Conhecera José Cardoso, músico de profissão, filósofo amador e político nos tempos livres. Apaixonou-se pelo seu discurso, pela sua capacidade de liderança e pelo seu charme. Namoram, viveram juntos durante três anos, entre o amor e o ódio. Decidiram e no regresso a Portugal casaram, no entanto passados alguns meses, todos os pilares daquela relação matrimonial desmoronou. O filósofo profissional e músico amador José Cardoso, boémio incorrigível, regressará a velha cidade universitária e a sua querida Faculdade na categoria de docente, reconciliou-se com a vida académica e separou-se da mulher. Marta regressará à Vila, era professora no liceu local. Nos últimos anos dedicou-se a colaborar e a participar na direcção e nos destinos de algumas instituições locais. A política tinha vindo a convite de um colega seu. Nas eleições autárquicas tinha ganho o direito a um posto de vereadora e o seu rival político, Presidente Dr. António de Albuquerque, convidou-a assumir o Pelouro do Ambiente. Implacável como sempre, tentava fazer o seu melhor, tentava provar a si própria que era uma mulher eficiente, eficaz e activa no campo profissional.
Adepta incondicional de um feminismo doentio, não lhe escapam os erros dos homens, criticava-os, chamava-os de incompetentes e de bruta montes. Os homens para si não faziam sentido, excepto só serem necessários para fertilizar as mulheres de modo a preservar manutenção da espécie humana. No entanto, pelo seu Marco António, era assim que lhe chamava desde criança, e depois de tantos anos, via-o como o único homem diferente de todos os outros. Ainda vivia o sonho de uma adolescente que sonha com um príncipe que lhe jura amor eterno e será o pai dos seus filhos vivendo num castelo felizes para sempre. Guardava o segredo desta paixão no mais profundo recanto do seu coração, chegando por vezes a desejar a morte da esposa do seu Marco António, apesar de tratar a sua esposa e os seus três filhos, como de uma irmã e sobrinhos. Uma voz perseguia-a nos momentos de solidão e nostalgia mais profundos: - Se ela morrer, eu corro para os braços dele. – Este segredo estava também guardado que tinha receio de verbalizar, dar corpo a voz a tormenta, que a caçava desde o reencontro e a proximidade profissional com o seu eterno amor.
Alberto regressava a realidade e enclausurado no cruzar de pernas desta destemida mulher, olha para o relógio, restavam-lhe somente 30 minutos para se ir encontrar com a apavorante mulher, perguntando-se com o que se ia deparar:- O que me quererá esta apavorante tia? – Olhou para o horizonte, o sol já tinha desaparecido, restava ainda a claridade laranja no horizonte, para manter o ânimo de ir fazer um bom trabalho. Apagou o cigarro, colocou o que restava do cigarro no balde do lixo, olhou de novo o horizonte e disse para si: - Que venha, qual reportagem, qual carapuça, está sabe aquilo que eu não sei!
Entrou no carro, e começou a descer a serra rumo à vila. A noite começava a dar os primeiros sinais de vida, a temperatura baixou, e a escuridão da noite apoderou-se dos bosques. A luzes do carro cortavam a escuridão no serpenteado da estrada, a musica ajudava a fluir as ideias, quando, repentinamente surgiu um imagem branca, e por fracções de milésimos de segundo a silhueta da enfermeira. Travou fundo a ponto do carro ficar estático e a 20 metros afrento do carro estava no meio da estrada uma cerva imóvel encandeada pelos 100 watts, das potentes luzes do carro. Alberto ficou eufórico, teve um pressentimento que a enfermeira estava a pensar nele. Tinha que a conhecer! Talvez hoje à noite ela ainda aparecesse no restaurante, sempre era amiga da Dr.ª Marta. A enfermeira sim, uma companhia feminina agradável, um corpinho… Aquele momento, aquela fêmea que se deslocava lentamente atravessar a estrada era pressagio de boa coisa. Seguiu estrada abaixo, até chegar a parque de estacionamento do restaurante.Ao entrar na sala de jantar, que estava vazia, olhou para a – tia encalhada – e exclamou silenciosamente:
- Esse cabelo excita-me – Sandra estava de costas voltadas para a porta, o longo, sedoso, cabelo preto, cobria-lhe os ombros morenos e sedosos, seduzia Alberto a vê-la nua, sentada na cama a pentear o cabelo. Olhou para o tecto, procurou desligar-se das suas fantasias e instintos… e digeriu-se para a Sra. Vereadora.
Terminaram de jantar quando ela muito prontamente lhe diz para não se preocupar:
- Eu faço questão absoluta de pagar a conta. – Era ela que comandava a operação. Enquanto Alberto, pensava para si: “ - Um presente envenenando! ”
Saíram, beijaram-se, Alberto preso as suas boas maneiras, esperou que ela entrasse para dentro do carro e se pusesse em marcha.
- Fuck of! –
Iria pensar, sobre aquilo que já tinha pensado. Aquela mulher era preciso derruba-la, depois de apanhar os rastos do Inglês.
Para Alberto aquela mulher era uma encalhada, malvada, astuta como uma velha raposa, mas frágil às mãos de um experiente caçador de troféus. A sua aura não lhe saia da mente. Tinha que ser rápido e assertivo para poder ganhar a sua confiança, com toda a certeza, ela seria o ponto-chave para descodificar o tão almejado prémio da Seguradora Norte América.
Ainda eram 21:00 horas. A noite era ainda jovem e Alberto entrou dentro do carro, a música pólo de novo a sonhar com uma companhia feminina, decidiu percorrer as ruas da cidade na procura de um local agradável para passar um bom bocado da noite. Deste modo começaria a conhecer mais um pouco sobre os modos de vida da comunidade local. A cidade estava deserta, as luzes amarelas da via pública ressalvavam a melancolia rústica das ruas ladeadas pelo casario amarelecido pelo tempo, e testemunho de um passado com muitas histórias para contar. Histórias de amor, de donzelas a passearem pela cidade e homens abastados que passeavam por aquelas estreitas e nostálgicas ruas. Ao fundo da Avenida, havia um bar com um ar de um rústico ao Século XXI, era um cubo pré-fabricada com partes das paredes em forma de grande janela em vidro. Alberto abrandou e observou o ambiente. Haviam mulheres e homens, adultos, lá dentro um par de adolescentes, à porta, numa perdida troca de beijos e carícias alheios ao mundo. Decidiu parar o carro e entrar para ver.
Ao entrar, apercebeu-se do ar romântico e romanesco que enfeitiçava o local. Acercou-se do balcão, cumprimentou o cavalheiro que estava ao canto, e, o seu olhar ficou preso na jovem que estava a servir ao balcão. Era uma jovem, dos seus vinte e poucos anos, ainda pouco corroída pela pelas amarguras da vida. A pele de tom claro, da cor de uma vela de cera branca, o cabelo longo, ondulado e dourado, os olhos de um azul límpido e celeste, à mistura com um sorriso apelativo e doce. Tornava aquele lugar apetecido a qualquer homem que procurasse um recanto para sonhar com alguém.
Ao fundo da sala do pequeno bar, três casais, na idade dos quarenta anos, conversavam animadamente à luz de uma vela decorativa que se encontrava dentro de um boião de vidro. O reflexo da luz na água, provocava um vaivém de sombras e clareiras naqueles rostos cintilantes de alegria e felicidade. Do outro lado da sala, um grupo de jovens sorriam-se perdidamente, enquanto devoravam cerveja. Com certeza que não devia ser só da cerveja, por ali, andava outras fragrâncias, outros aromas.
O homem que estava ao seu lado, ao balcão, com ar de poucos amigos, tragava Vinho do Porto enquanto fumava cigarrilhas que deixavam no ar um aroma doce e achocolatado pelo ar. Tinha a pele da cara rugosa, vermelha e queimada pela acção do álcool, o cabelo desalinhado e grisalho, a roupa de ganga suja e gasta, conferiam-lhe um arruaceiro. Algo dizia a Alberto que este homem não era das redondezas, parecia saído de um western, e não se enganava muito.
- Outro se faz o favor! – Pedia o homem por outro cálice de Vinho do Porto com um sotaque que não enganava ninguém. Definitivamente o homem era estrangeiro.
Alberto olhava para o relógio que estava pendurado na parede e que apontava para às dez da noite. Estava na hora de sair. Tomou o último golo de cerveja, já sem gás e quente. Pagou e relançou o último olhar a rapariga de ar angélico, enquanto que se lamentava: - se eu fosse mais jovem atacava-te.
- Boa noite… dizia o homem estrangeiro que estava ao balcão desinibido pelo álcool.
- Boa noite! – Retorquiu Alberto.
E saiu pensativo a pensar naquilo que teria que fazer para conquistar a confiança da Vereadora. Não era a primeira vez que teria que fazer o jogo sujo de arrebatar um coração para lhe extrair informações para poder levar a cabo as suas investigações jornalísticas. Mas desta mulher, Alberto não tinha compaixão, ela era uma cruel para todos e com todos.
Entrou no carro, e regressou ao parque de campismo. Pelo caminho, ao passar em frente ao Hotel da Vila, verificou a presença do carro da Agencia Noticiosa.
- Ei-la, peixe gordo, por aqui! - Decidiu estacionar, e entrar para ver quem estava por aqueles lados e o que andavam a fazer. Entrou e deparou-se com dois antigos amigos de longa data: Rui e Toni. Rui era uma espécie de amigo íntimo com quem se podia contar nos momentos mais difíceis, tinham viajado juntos para o exterior, tinham estado nos cenários de guerra civil de Angola e Moçambique, tinham passado privações e dificuldades juntos. Rui era o verdadeiro amigo no sentido pleno da palavra, sempre disposto a ajudar o amigo. Um brincalhão nato capaz de animar a mais profunda tristeza.
Em relação ao Toni a coisa era muito diferente. Não atinava com aquele “melro”. No entender de Alberto, ele era um homem muito esquisito, nada estava bem para ele, era no seu entender um anormal. Refugiava-se nos seus segredos e na sua identidade sexual. O seu corpo másculo ajudava-o a disfarçar a homossexualidade. Tinha um enorme complexo acerca das suas preferências sexuais, refugiava-se nas amizades femininas que fazia facilmente, andava sempre acompanhado por mulheres. As mulheres faziam questão de o ter como amigo, pois com ele sentiam-se seguras, e deste modo os olhares dos homens não eram tão agressivos na medida em que estavam acompanhadas por um “Apolo”. Alberto costuma dizer: - Lá vai o cachorrinho a proteger as damas.
Cumprimentou a ambas e depois de trocar uma serie de cumprimentos de praxe. Rui informa-o que a Carla, a Pivô como lhe chamavam os colegas, estava hospedada no hotel.
- Estamos à espera dela, vamos jantar! – Afirma Rui com um ar serenidade.
- Às 10:30 da noite? Jantar; onde? – pergunta Albeto.
- No parque da cidade existe um Restaurante que fecha às 24.
- Hei – Era Carla que surgia de dentro da sala de convívio do hotel. Alberto ficou surpreendido, ela estava cada vez mais atraente. Um novo corte de cabelo, uma muito laricas, de pele branca e olhos azuis. Cumprimentaram-se para depois, Carla pedir imensa desculpa pelo facto de não querer sair para jantar.
- Rui, Tony! Desculpem, mas tenho mesmo que ir descansar. Ainda tenho ração de combate: iogurtes e bolachas. – Os colegas ainda insistiram, no entanto, os pedidos foram em vão.
- E tu, Alberto? – perguntou Carla
- Não sei… Entrei para vos cumprimentar. Posso tomar um café, vou trabalhar como é habito noite dentro, e um café caía de maravilha.
- Então faz-me companhia, vou ao bar pedir algo para levar para o quarto. Neste pobre hotel não existe serviço aos quartos.
Carla despediu-se novamente de Rui e de Tony. Ao Tony, deu-lhe um beijo de boa noite, junto à orelha, ao mesmo tempo que sussurrava ao ouvido algo que Alberto não conseguiu ouvir. Alberto, ficava furioso quando as mulheres travam Tony com um carinho especial, mas pensava para si: - O gajo é homo. Não come as gajas. - Ele não tinha essa sorte apesar de Carla ser uma mulher com quem nunca tivera intimidades por vezes sonhava como seria em possui-la nos seus braços. Não imagina como isso seria possível, mas lá, no fundo do seu íntimo, seria incapaz de lhe dizer ou insinuar fosse o que fosse.
-Alberto? Que fazes por estes lados? Quem é que andas a tramar?
- Eu. Vim só passar a semana na serra par escrever um artigo para a “Terras Lusitanas”.
- Ah! Ainda trabalhas para essa gente?
- Pagam bem, e o que escrevo não custa muito, é só evidenciar o lado bonito da reportagem turística. E tu? - Finalmente na rua com a equipa de reportagem, com dois operadores, e …
- Alberto! Não brinques, eu sempre trabalhei para estar na rua encima dos acontecimentos, felizmente, foi-me reconhecido o meu trabalho e consegui aquilo que sempre sonhei: “estar no teatro das operações”.
Parabéns! Estar a gostar daquilo que sempre sonhas-te fazer? Certo?.. Os meus parabéns.
Alberto tu também já o fizes-te, porque deixas-te? E te tornas-te num freelancer de casos ocultos? Fala-me sobre o teu trabalho…ele desatou a rir-se, como que a fazer tempo para lhe responder. “ – Nada disso!” Ela ficou com a cara de chateada, irritava-a as desculpas e as respostas ambíguas de Alberto. Carla sem pensara que Alberto era um bom jornalista mas ao mesmo tempo um frustrado porque nunca tinha ganho dinheiro para ter a sua casa quinta, o seu carro desportivo, o apartamento no centro da cidade, mulheres, e muito dinheiro.
- Carla, neste momento o jornalismo a mim não me diz nada… a nossa classe deixou de estar ao serviço da comunidade e dos seus leitores. Nós, os jornalistas. nem sempre somos isentos daquilo que é a realidade, no meu entender, não estamos a ser honestos para com os nossos leitores. Somos mercenários do jornalismo, somos vendedores de papel.
A conversa prolongou-se por longos minutos com argumentos e concordância entre ambos. Alberto tinha deixado de estar vinculado a tempo inteiro a uma redacção, tinha escolhido uma via muito pouco ortodoxa. Trabalhar para grandes operadores turísticos, fazendo descrição de zonas turística, e património natural e cultural. Assim era mais livre, as cobertura de guerra civil em Angola, correspondente em Moçambique, e o regresso as entranhas das redacções dos diários nacionais, tinham cansado o nosso jornalista.
O relógio de parede com uns pêndulos enormes, deu as 11 balaladas das 23:00, hora do bar encerrar, o empregado de balcão já os tinha avisado, e Carla relembrou Alberto:
- Alberto, temos que ir. Estás aqui no hotel?
- Não estou no parque de campismo.
- Tás a brincar? – Disse Carla sorrindo para Alberto.
- Não, não estou, estou a dormir num Bangalow, no parque de campismo.
- Acredito. Tu e as tuas excentricidades! – fazendo uma expressão de empatia feminina para de seguida perguntar: “ – Queres subir até ao meu quarto. ”
Alberto concordou, ao olhar para o relógio como que a fazer o ponto da situação.
- Não posso demorar muito tenho que ir. Amanhã tenho encontro marcado com o Director de uma empresa de produção de Azeite bem cedo. – no entanto enquando dizia isto, já sem palavras, ela também ficou calada por um tempo, na lhe saia da mente o quanto seria excitante poder tocar aquele corpo feminino, era tudo que ele queria naquele momento. Enquanto que ela lhe agarrou pela mão e disse:
- Sobe, quero que tu vejas um texto. - Carla estava decida em ouvir a sua opinião. Ao Toni não pedia opiniões, pois ele era mais agradável do que sincero, o Rui era mais irónico que crítico. Enquanto que na palavra de Alberto confiava plenamente, ele era sincero no que dizia respeito a qualidade da escrita jornalística.
Subirem pelas escadas do hotel. O hotel estava num velho edifício de três andares, que mantinha a traça original de uma casa brasonada do Século XIX
Entraram no conforte do quarto e sentaram-se nos sofás par lerem o texto da Carla no Portátil, e foram-se recreando e reconstruindo o texto noite dentro. Eram 1 hora e 30 minutos da madrugada, quando Alberto levantou-se e disse:
- Carla tenho que ir… pagando no casaco que estava sobre a mesinha de cabeceira. – Carla levantara-se quase que em simultâneo e com um cara de imaculada de frente com a de Alberto e lhe disse:
- Fica comigo esta noite… - ao mesmo tempo que passava os braços dela pela cintura de Alberto para de seguida o beijar com um suave e efémero beijo nos lábios. Alberto ficara imóvel como uma estátua sem saber o que dizer, ela beijou-o novamente nos lábios, para de seguida o agarrar pela mão e puxa-lo para dentro da casa de banho. Já dentro da casa de banho, Carla voltou-se de costas par Alberto e ergueu os braços convidando-o para a ajudar a tirar a camisola. Ao que ele respondeu prontamente com carinho, a medida que lhe tirou a camisola foi dando-lhe beijos nos ombros idílicos de Carla que lhe provocou arrepios. Continuou e aliviou-lhe o soutien, enquanto Carla se voltava para Alberto para ajudar a tirar a roupa. Depois de se despirem como inocentes a se verem tal como Deus os pusera no mundo, Carla pediu-lhe suspirando com uma voz meiga e sensual: “ - Vamos tomar um duche”
O banho
Alberto, não queria acreditar no que se estava a passar, Carla estava ali a sua frente, naquele quarto de hotel, a sua disposição. Anos atrás quando se cruzaram na redacção do Figueirense, ela era uma estagiária, deixava qualquer homem a sonhar em dormir com ela, no entanto Alberto, nunca tinha feito qualquer abordagem à Carla, pois ela era uma jovem de 22 anos, saída da Escola de Jornalismo que ainda estaria na fase . Agora passado .... (Continua)


2. Uma mulher arrependida por ter cometido adultério